terça-feira, 3 de abril de 2012

Cresce o número de diagnósticos de autismo nos EUA

Os dados divulgados na quinta-feira pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), mostram um aumento de 23% sobre os dados de 2006 e um salto de 78% em relação a 2002.
SHIRLEY S. WANG


O número de crianças nos EUA que foram identificadas com desordens do espectro autista, caracterizadas por danos substanciais à interação social e comportamentos repetitivos, vem aumentando há anos. Os dados divulgados na quinta-feira pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), mostram um aumento de 23% sobre os dados de 2006 e um salto de 78% em relação a 2002.

Os dados mais recentes vêm de registros de saúde e educação, coletados em 2008, de mais de 300.000 mil crianças de 8 anos em 14 Estados de todo o país. Pesquisas anteriores já haviam revelado que essa é a idade em que a maioria dos casos de autismo tem sido identificada.

Autoridades da saúde pública disseram que parte da mudança se deve ao aumento na identificação e diagnóstico de crianças mais novas e pertencentes a minorias, mas que isso não explica toda a tendência. Saber se realmente houve, durante o período estudado, um aumento nos fatores de risco para o autismo continua sendo uma questão premente.

"Uma coisa que os dados nos dizem com certeza é que há muitas crianças e famílias que precisam de ajuda", disse Thomas Frieden, diretor do CDC, em um comunicado. "Precisamos continuar a acompanhar os transtornos do espectro autista, porque são essas as informações de que as comunidades precisam para direcionar as melhorias nos serviços de auxílio às crianças."

Alguns especialistas questionam a forma como os dados foram coletados e analisados. Por exemplo, o relatório não diferencia as crianças diagnosticadas com autismo das que têm síndrome de Asperger ou uma deficiência generalizada de desenvolvimento, o que "é uma definição muito fácil de se obter", disse Fred Volkmar, diretor do Centro de Estudos da Criança da Universidade de Yale, que não esteve envolvido no estudo.

Volkmar disse que é possível que tenha havido, de fato, um aumento no índice de autismo durante o período do estudo, devido a várias mudanças ao longo do tempo, tais como uma maior prevalência de pais mais velhos que contribuíram com espermatozóides com pequenas anormalidades genéticas. Mas ele é cético quanto à magnitude da mudança em um período tão curto. "Parece bem rápido para uma mudança desse tamanho", disse Volkmar.

Rebecca Landa, diretora do Centro de Autismo e Desordens Relacionadas, do Instituto Kennedy Krieger, em Baltimore, não crê que o aumento possa ser atribuído aos métodos de estudo ou a uma questão puramente relativa ao diagnóstico. "No entanto, certamente as razões do aumento devem ser investigadas. As grandes questões sobre o aumento realmente têm que vir depois que nós passemos a compreender melhor as causas", disse Landa, que contribuiu com dados para o relatório.

O CDC adverte que os dados mais recentes não são representativos do país como um todo e que as taxas podem variar segundo a região. Também houve diferenças significativas na taxa de variação entre os 11 Estados que responderam à pesquisa em 2006 e também em 2008, que vão desde uma redução de 20% no Alabama até um aumento de 80% na Flórida, segundo o relatório.

"Para entender melhor, precisamos continuar acelerando nossas pesquisas sobre os fatores de risco e as causas das desordens do espectro autista", disse Coleen Boyle, diretora do Centro Nacional de Defeitos Congênitos e Deficiências de Desenvolvimento, do CDC.


Fonte: Wall Street Journal - 02/04/2012 - Imagem Internet

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