sábado, 21 de maio de 2011

Polícia Militar realiza 1ª Olimpíada Especial de Equoterapia

Participam da competição crianças com diversas deficiências. Atualmente, o centro atende 63 pessoas.
Bruna Campos



Movimento que as crianças conseguiam realizar com o cavalo, por mais simples que fosse, era comemorado por todos. Na plateia, em vez de barulho, viam-se mãos erguidas e tremulando (palmas para surdos). Assim foi a "1ª Olimpíada Especial da Equoterapia da Polícia Militar do Pará, realizada na manhã desta quinta-feira, dia 19, no Complexo Hípico Sócio-Operacional Cassulo de Melo.

Foi a primeira vez que as crianças que fazem parte do programa, todas portadoras de deficiência ou alguma necessidade especial, participaram de uma competição, colocando em prática tudo o que aprenderam durante as aulas de equoterapia. O primeiro competidor a subir no cavalo foi o pequeno Sandro Heitor, 6 anos, portador de autismo. Com o apoio de um policial militar e de uma fonoaudióloga, ele montou no cavalo e completou todo o trajeto da prova. “É impressionante o desempenho que ele está tendo desde que começou a praticar a Equoterapia. Antes, ele não falava, não apresentava vínculo afetivo e não aceitava o tocássemos. Hoje, ele é outra pessoa”, disse a fonoaudióloga Bruna Silva.

Enquanto esperava sua vez de competir, Rafael Cardoso, 12 anos, portador da Síndrome de Down, olhava o percurso que iria ter que cumprir. “Quero fazer tudo certinho, do jeito que aprendi”. E assim ele fez, com um dos melhores tempos, ele completou a prova. A mãe dele, Fábia Cardoso, ficou emocionada ao ver o filho interagindo. “Depois que ele começou a frequentar as aulas de equoterapia, ele virou um menino mais feliz. Ficou mais carinhoso e muito mais alegre”, contou. Ao final da competição, as crianças receberam medalhas como premiação e participaram de um lanche com os pais, os profissionais que trabalham no programa e os policias militares.

“Um gesto de amor”. É assim que o tenente coronel Cláudio Polaro, coordenador do Centro Interdisciplinar de Equoterapia (Cieq/Belém), define o trabalho dos Policiais Militares que participam do programa. “O principal objetivo é prestar assistência em equoterapia às pessoas com necessidades especiais, contribuindo para sua reabilitação e educação”, disse.

O programa que já existe desde 1993, conta com 15 policiais militares que auxiliam os deficientes no processo de reabilitação. “Acaba sendo uma troca de experiência. Nós ensinamos as coisas técnicas e aprendemos muito mais com eles. Para nós, eles são um exemplo de superação”. O tenente coronel Polaro disse também que no início, os policias ficavam um pouco receosos, com vergonha de demonstrar seus sentimentos. “Mas, não há como não se envolver. Nós nos emocionamos e ficamos felizes com cada conquista. É muito bom ver aquele aluno que não conseguia nem andar e hoje já até corre, compensa qualquer coisa”.

Exemplo

Um ex-participante do Programa de Equoterapia da PM virou um exemplo para todos. É o jovem Bruno Silva, 26 anos. Ele, que tem paralisia cerebral, participou do programa durante 10 anos e hoje é campeão nacional de paraolimpíada. “Tudo começou por causa do meu contato com o cavalo. Quando comecei, eu tinha medo do cavalo. Depois tirei de letra e passei a me interessar por outros esportes”.

Atualmente o atendimento do programa de Equoterapia da Polícia Militar atende 63 pacientes, de forma gratuita, quatro vezes por semana pela manhã, com cinco pacientes para cada horário, o que totaliza mensalmente uma média variável de 250 sessões. Os policiais militares têm a função de preparar o local das sessões de equoterapia, preparar os cavalos e atuar como auxiliar–guia. Já a equipe interdisciplinar, composta por profissionais da área de saúde, educacional e equitação, são responsáveis pela elaboração do plano terapêutico, condução dos trabalhos nas sessões e pela elaboração das avaliações e registros.

O Tenente Coronel Polaro explicou que não é possível determinar a duração do tratamento, já que é acompanhado por avaliações periódicas da equipe técnica. Segundo ele, o atendimento passou a ter a duração de um a dois anos, de acordo com o plano terapêutico individual para cada paciente. Atualmente existe uma lista de espera com mais de 600 pessoas que têm interesse em fazer parte do programa.

Fonte: Agência Pará - Pará, 20/05/2011- Imagem Internet

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