A partir da suspeita de que autistas são especialmente vulneráveis ao bullying, a Interactive Autism Network (IAN) realizou uma pesquisa sobre o tema, chegando a um resultado assustador: mais de 60% dos autistas entrevistados, entre 6 e 15 anos, haviam sofrido algum tipo de perseguição por colegas ou outras crianças em algum momento de suas vidas. “Nossos resultados mostram que as crianças com síndrome de Autismo são intimidadas a um ritmo muito elevado, e também são muitas vezes intencionalmente conduzidas a colapsos ou explosões de agressividade pelos colegas mal-intencionados”, descreve Dan Olweus, um dos pesquisadores.
A entidade elaborou um “kit” para pais e educadores de crianças especiais contra o bullying. O texto (em inglês) está disponível gratuitamente no link:http://specialneeds.thebullyproject.com/toolkit
A IAN, entidade que realizou a pesquisa, tem como objetivo promover a aproximação entre pesquisadores e a comunidade autista, e ressalta que a vítima de bullying raramente faz algo para provocar seus agressores. O estudo destaca ainda que o bullying deixou de ser encarado como um comportamento infantil, e hoje é tratado como um problema social, especialmente o cyberbullying, perseguição feita pela internet. Sobretudo ocorrida em redes sociais, esse tipo de bullying é crime e deve ser denunciado, primeiramente aos administradores da rede, para que os ataques sejam suspensos. Antes disso, porém, é importante reunir provas do crime, como impressões da página, pois o autor pode retirá-la espontaneamente. As provas podem ser apresentadas em qualquer delegacia de polícia. A Secretaria Especial de Direitos Humanos também recebe denúncias, por telefone, discando-se o número 100 (discagem gratuita) ou por e-mail: disquedenuncia@sedh.gov.br
Os pesquisadores destacam ainda que, quando outra criança ou adolescente, que não a vítima, intervém no ataque, cerca de 50% dos agressores encerram o ataque, ao menos momentaneamente. A participação dos pais e professores é fundamental para que os ataques acabem de vez. As perseguições quando fora da internet, muitas vezes são difíceis de se comprovar, pois podem ser encobertas por outras crianças ou adolescentes, que não concordam com o bullying mas têm medo de se transformar em alvos se denunciarem ou confirmarem uma agressão.
Escolas devem ter regras específicas contra o bullying, e divulgá-las regularmente, inclusive as punições. Se isto não ocorrer, os pais podem solicitar e até participar da elaboração das regras. “O bullying afeta a capacidade de aprendizagem”, alerta o pesquisador.
Texto escrito por Silvana Schultze, do blog www.meunomenai.com
Fonte: Autism Speaks
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