quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Autismo e Integração Sensorial Parte 1

Integração sensorial
Integração Sensorial é a habilidade em organizar, interpretar sensações e responder apropriadamente ao ambiente, auxiliando nas atividades do dia-a-dia.
Kanner  e Asperger descreviam reações fora do comum de seus pacientes autistas com relação aos sons, toque, cheiros, estímulos visuais e paladar.
Alguns estímulos aparentemente comuns são percebidos como algo estressante, causador de medo e ansiedade, enquanto outros, como fontes de prazer e satisfação.
Crianças autistas com problemas sensoriais apresentam dificuldade em interpretar e organizar as informações sensoriais vindas do seu próprio corpo ou do ambiente.
Uma criança autista pode, por exemplo, ignorar um barulho muito alto ou não responder ao seu nome (Hipo-resposta), e ficar agitada e gritar ao escutar o barulho de liquidificador, enceradeira, secador de cabelo ou latido de um cachorro (Hiper-resposta). Pode ainda, reagir emocionalmente ou agressivamente ao toque (Hiper-resposta) ou apresentar necessidade incomum de tocar certos brinquedos, superfícies, texturas ou pessoas (Hipo-resposta).
A criança autista que apresenta Hiper-resposta  a estímulos sensoriais pode demonstrar alterações comportamentais como: agitação, choro imotivado, irritabilidade, movimentos estereotipados excessivos ou agressividade. Já a criança que apresenta Hipo-resposta  demonstra comportamento de passividade, sem reação aos estímulos externos e  pouca resposta para estímulos como toque, sons, cheiros, sabores e texturas.
Nesse sentido a abordagem de Integração Sensorial em crianças autistas, tem como objetivo: Diminuir movimentos estereotipados, aumentar a capacidade de atenção, comunicação, interação social, organização interna e melhorar desempenho em atividades do dia-a-dia.
Trabalhar a  INTEGRAÇÃO SENSORIAL promove:
  • Organização de conduta à criança;
  • Fornece condições para que a criança explore o ambiente.
  • Aumento da habilidade em manter a atenção;
  • Melhora na coordenação e planejamento dos movimentos para que a criança obtenha sucesso nas atividades que lhe interessam;
  • Melhora na autoestima e confiabilidade em si e em suas habilidades;
  • Melhora nos aspectos sociais e ambientais a partir da participação nestes contextos.
Quando o processo de Integração Sensorial é desorganizado, vários problemas de aprendizagem, desenvolvimento ou comportamento podem aparecer. Muitas crianças com distúrbio de Integração Sensorial são incapazes de brincar. Há certos distúrbios que tornam difícil para a criança interagir com o brinquedo. Pode parecer desajeitado em atividades que envolvam movimentos (Jogar futebol, pular corda) ou não conseguir manter um objeto seguro nas mãos, podem estar ligados diretamente ao processamento inadequado das informações sensoriais e a consequente não integração das informações sensoriais.
Uma sensação pode ser agradável para uns e extremamente desagradável para outros. Isso ocorre porque o caminho que as sensações fazem até o cérebro pode ser diferente na sua intensidade, com isso as respostas vindas do cérebro podem ser de Hipersensibilidade (+), de Hipossensibilidade(-) ou Intensidade Adequada
Os pais geralmente conhecem e compreendem seus filhos melhor que qualquer pessoa e às vezes precisam de ajuda para entenderem alguns comportamentos que observam nas crianças.
Indicadores de disfunção de INTEGRAÇÃO SENSORIAL:
  • Escolher sempre os mesmos brinquedos, preferencialmente aqueles que têm um papel claro e bem definido;
  • Passar de uma atividade a outra com frequência, não concluindo essas atividades;
  • Ao desenhar faz sempre as mesmas figuras;
  • Ser desajeitado e esbarrar em tudo que encontra;
  • Ter dificuldade de pegar uma bola ao ser jogada, não antecipando o movimento;
  • Preferir muitas vezes atividades mais sedentárias;
  • Apresentar dificuldades na alimentação, vestuário e higiene pessoal;
  • Apresentar dificuldade na imitação;
  • Evitar situações novas, frustrar-se facilmente;
  • Preferir seguir rotinas;
  • Criar rituais e rotinas;
  • Dificuldade em julgar a força necessária para tocar uma pessoa ou um objeto;
  • Apresentar incômodo ao cortar as unhas e cabelo;
  • Incomodar-se com etiquetas nas roupas;
  • Incomodar-se com um simples carinho, reagindo agressivamente, parecendo ansioso OU tocando objetos e pessoas excessivamente;
  • Não anda descalço OU adora andar descalço principalmente na areia ou grama;
  • Chora quando toma banho no chuveiro OU adora tomar banho no chuveiro;
  • Evita o toque e está sempre distante das pessoas OU quando tocado não percebe o toque;
  • A alimentação é seletiva, escolhe alimentos com base na mesma textura ou consistência OU adora comer alimentos com texturas variadas, crocante e/ ou apimentados;
  • Escovar os dentes parece muito sofrido;
  • Enjoa ao andar em carro ou ônibus;
  • Barulho de geladeira, liquidificador e ventiladores incomodam, muitas vezes dificultando sua atenção nos ambientes;
  • Evita parquinho (gira-gira, balanços, escorregador) OU adora parquinho e procura muita intensidade nesses brinquedos;
  • Não gosta de permanecer em filas;
  • Evita sujar-se, não gosta de brincadeiras que envolvem pintura, argila OU suja-se nas brincadeiras e não demonstra qualquer incômodo; não percebe que está sujo;
  • Usa roupas torcidas no corpo;
  • Morde-se OU morde o outro;
  • Parece ter prazer em cair;
  • Parece não ter saciedade OU não sentir fome;
  • Parece não ouvir e adora música alta;
  • Cheira objetos;
outros indicadores de  DISFUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL (DIS)
  • Atraso na fala, na linguagem, nas habilidades motoras ou nas aquisições escolares;
  • Problemas com autoestima, podendo parecer preguiçosa, entediada ou desmotivada, evitando as tarefas que são difíceis ou que a envergonham.
Conhecer o perfil sensorial da criança é muito importante, pois há associação direta entre o comportamento apresentado e a maneira como uma sensação é recebida do meio ambiente.
O que caracteriza a Terapia de INTEGRAÇÃO SENSORIAL (IN)
  A Terapia de integração sensorial se realiza em um ambiente com vários estímulos, onde a criança poderá explorar os sistemas sensoriais e fazer bom uso destas, de uma forma lúdica e integrada com a Terapeuta Ocupacional (Ou outro profissional preparado)e  com pais.
Artigo feito em conjunto com a Terapeuta Ocupacional Ana Luiza 
Fonte: http://www.bemvindoaholanda.com/autismo-e-integracao-sensorial/

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Americana é presa por empurrar filho autista de ponte; menino morreu

Somente quem tem uma criança com autismo sabe o quanto sofremos no dia a dia e não devemos julga-la jamais e sim ter piedade e pedir a Deus misericórdia porque quantas vezes nos vimos no desespero? Eu costumo dizer que não tenho problemas com o autismo dos meus filhos, nem com o meu, meus problemas são sociais que terminam acabando com minha estrutura emocional e isso muitas vezes me leva ao limite a beirar o abismo por isso peço a Deus por todos nós... todos os dias.
Jillian Meredith McCabe
Jillian Meredith McCabe Foto: Reprodução / NEWPORT POLICE DEPARTMENT
Uma blogueira americana foi presa, acusada de homicídio, após empurrar seu filho autista de uma ponte histórica, em Seal Rock, Oregon (EUA), na noite da última segunda-feira. Jillian Meredith McCabe, de 34 anos, ligou para a polícia logo após cometer o crime. O corpo de London, de 6 anos, foi encontrado pelas autoridades horas depois, com ajuda de barcos e helicópteros. As informações são da rede NBC News.
Segundo a publicação, nos últimos meses, Jillian passava por momentos difíceis. Ela não só tinha problemas para cuidar do filho autista, que não falava, como seu marido Matt foi diagnosticado com esclerose múltipla.
“Estamos todos devastados. London era um ótimo menino”, disse o tio do garoto, Andrew McCable.
London morreu
London morreu Foto: Reprodução / Facebook
Através de redes sociais, Jillian falava sobre seus desafios diários com o filho e o marido. Ainda de acordo com a publicação, recentemente, ela havia entrado na justiça para pedir apoio financeiro ao governo.
A blogueira foi presa ainda na ponte, logo após ter ligado às autoridades. Ela não deu motivos para o crime e foi encaminhada à uma penitenciária local. O caso continua sendo investigado e policiais pedem que testemunhas se apresentam para depor.
A ponte curvada de Yaquina Bay, uma das mais famosas na costa de Oregon, foi inaugurada em 1936.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/mundo/americana-presa-por-empurrar-filho-autista-de-ponte-menino-morreu-14458860.html#ixzz3I9VzcMV6

Teoria da Mente (TOM) ou cegueira mental: entendendo e ajudando um autista a compreender o mundo


Muitos autistas passam por sem educação ou anti-sociais e até mesmo por frios e calculistas pois possuem dificuldade em se colocar no lugar do outro, perceber o que ele sente ou imaginar o que a pessoa pensa.
Teoria da Mente (TOM) é a habilidade de fazer suposições precisas sobre o que os outros pensam ou sentem que nos ajuda a prever o que farão. Aptidão importante para o convívio social e que é adquirida por volta dos 4 anos em um desenvolvimento típico e crianças com autismo desenvolvem posteriormente.
Podemos perceber a dificuldade de TOM em crianças autistas nas corriqueiras tarefas:
-Apontar coisas para outros.
-Estabelecer contato visual.
-Seguir os olhos de outro indivíduo quando esse está falando sobre aquilo que estão olhando.
-Usar gestos para comunicar-se.
-Entender as emoções no rosto alheio.
-Usar variação normal de expressões emocionais no próprio rosto.
-Mostrar interesse em outras crianças.
-Saber como envolver-se com outras crianças.
-Manter-se calma quando se sente frustrada.
-Entender que alguém pode ajudá-la.
-Entender como os outros se sentem em algumas situações (por exemplo, irritado ou amedrontado).
A medida que vão crescendo essa falta de habilidade já é demonstrada de outras maneiras:
-Tendência a pensar sobre o mundo de seu próprio ponto de vista, o que a faz parecer uma pessoa egoísta.
-Tendência a participar de atividades que não dependem de outras pessoas
-Foco apenas em suas necessidades
-Dificuldade em compreender a emoção alheia, portanto há uma falta de empatia
-Necessidade de estar no controle
-Falta de flexibilidade em interações
-Uso de regras sociais de forma rígida em vez de regras adaptáveis
-Tendência a mais receber do que dar (no dar/receber de relacionamentos)
-Problema com revesamento
-Tendência a tratar as pessoas igualmente, sem saber diferenciar idade ou autoridade
-Ser facilmente levado por outros em consequência de sua dificuldade de entender os motivos alheios
-Tendência a relacionar-se melhor com adultos, pois estes são mais previsíveis e podem ser mais tolerantes
-Dificuldade com brincadeiras de faz de conta e de entender o fato de contar mentiras
-Dificuldade em entender que seu comportamento afeta a maneira como os outros pensam ou sentem
-Dificuldade em entender sobre compartilhar entusiasmo, prazer ou pertences
-Tendência a falar excessivamente sobre determinado tópico de seu interesse sem considerar a opinião do ouvinte (por exemplo falta de interesse ou tédio de quem escuta)
Vendo essas características acima percebemos que autistas são julgados erroneamente como egoístas e muitos chegam a achar que eles não gostam de se relacionar com as pessoas por não terem capacidade de amar, o que é um absurdo pois eles são muito afetuosos.
Se tentarmos imaginar a dificuldade de compreender como alguém se sente ou pensa ou de levar em conta seu ponto de vista, percebemos como o mundo deve parecer confuso e assustador e como as interações sociais devem ser difíceis.
Mas é claro que nós podemos ajudá-los a melhorar essas habilidades sociais e podemos fazer isso de forma super prazerosa!
Algumas dicas são:
- Brincar de esconde-esconde (aqui vc tem que pensar onde seria difícil pra outra pessoa te encontrar, tem que prever acontecimentos)
- Brincar de teatro (cada um é uma personagem e juntos podem construir como ela pensa, age, veste, etc)
- Jogo de mímica em que um finge que é algo pro outro adivinhar ( a criança tem que se colocar no lugar da personagem, bicho, etc para imitá-lo)
- Jogo de perguntas para dedução ( A Criança vai ter que analisar as perguntas para ver qual resposta se encaixa melhor)
- Planejar programas em família! (pensar no que cada um gostaria, no que pode acontecer e prevenir se pode acontecer algo inesperado como uma chuva… se acontecer, o que fazer?)
- Adivinhações e enigmas (o que é o que é, qual é a música, qual é o filme, brincar de detetive)
- Piadas
- Ver filmes, desenhos ou novelas juntos para explicar as brincadeiras (senso de humor) e o sarcasmo e também os sentimentos (porque a personagem chorou ou ficou preocupada?)
- Colocar figuras em ordem para formar uma historinha (previsibilidade)
- Quebra cabeças (previsibilidade)
- Jogos de tabuleiros (previsibilidade, esportiva, saber lidar com frustração e espera)
- Jogos geradores de conversas como o Puxa Conversa e o o que você faria, vendidos em livrarias.
- Playmobil (Se colocar no lugar de personagens em castelos, florestas, etc)
- Videogueime (previsibilidade, frustração, persistência – cuidado para não virar isolamento… junte-se!)
- Criar funções diferentes pro mesmo objeto (banana vira telefone, vira uma meia lua, etc)
- Desenhar rostos no quadro ou caderno de acordo com o sentimento falado ou a história contada
Fonte: Livro – Convivendo Com o Autismo e a Síndrome de Asperger: Estratégias Práticas para Pais e Profissionais /Autores: Chris Williams e Barry Whrigt